Produção de biocombustível a partir de subprodutos do arroz é alternativa para região
Uma nova alternativa econômica para a Fronteira Oeste foi apresentada, nesta sexta-feira, na Câmara de Vereadores de Uruguaiana. A palestra do economista Felipe Petterle, responsável pelo projeto de implantação de biorefinarias a partir do arroz, foi ouvida com interesse pelos vereadores, empresários e ambientalistas. Petterle é responsável pelos primeiros projetos de utilização dos subprodutos da industrialização do arroz para produção de álcool hidratado e biodiesel no Estado.
O economista proferiu palestra a convite da União dos Legislativos da Fronteira Oeste (Ulfro). Petterle destacou o potencial gaúcho para a produção de álcool hidratado a partir do arroz. Segundo ele, se as indústrias gaúchas de beneficiamento utilizassem hoje apenas 10% do arroz industrializado haveria potencial para produzir cerca de 170 milhões de litros de álcool hidradato por ano. O produto poderia ser utilizado em motores de veículos flex, atendendo à demanda por este produto no Estado (180 milhões de litros por ano).
– Seríamos quase auto-suficientes. O álcool hidratado é produzido a partir do aproveitamento do arroz quebrado, cujo valor de comercialização é baixo. Destinando o arroz quebrado para a produção de álcool estaremos agregando maior valor ao processo de produção. Este projeto é o primeiro passo para repensar a produção de arroz no Estado. Poderíamos passar a produzir lavouras de arroz de baixo custo destinadas exclusivamente à produção de amido para álcool, não competindo com as lavouras de arroz de alta produtividade para produção de alimentos – disse.
No Estado, os experimentos de produção de álcool hidratado a partir do arroz ainda são incipientes. O Estado produz apenas 10 milhões de litros de álcool hidratado a partir da cana-de-açúcar em uma biorefinaria instalada no município de Porto Xavier. Petterle propõe a produção de álcool hidratado como nova alternativa econômica, aproveitando a capacidade de produção de matéria-prima no Estado. Segundo ele, as vantagens seriam a geração de emprego e renda em toda a Metade Sul do Estado e a agregação de valor maior aos processos industriais. Além disso, os agricultores poderiam produzir lavouras voltadas para a quantidade de amido por hectare.
– Em 2005, conforme dados do Irga, o Estado beneficiou 3,8 milhões de toneladas de arroz. Há um enorme potencial para produção de álcool, utilizando apenas o arroz quebrado que chega a 20% do total de beneficiamento. Uma tonelada de arroz quebrado gera 430 litros de álcool nobre – comentou.
27 de julho de 2007