Parlamento promove audiência pública sobre condições da água
A Câmara Municipal de Uruguaiana promoverá, na tarde de 20 de outubro, uma audiência pública para debater as condições de consumo da água do Rio Uruguai. A audiência será realizada a partir das 14h, no plenário da Câmara de Vereadores. Foram convidados para o evento representantes da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e do Ministério da Saúde.
A realização da audiência foi requerida pelo então vereador Marcus Lemos (PP), quando ocupava a vaga do Partido Progressista na composição da Câmara Municipal. Considerada uma das melhores águas brutas do Estado, as águas do Rio Uruguai são o alvo de alerta tanto do Ibama, quanto da Corsan. As duas instituições alertam sobre a possibilidade de ocorrerem novamente proliferações de algas azuis (cianobactérias) em períodos de estiagem prolongada.
As algas azuis ocorrem de forma natural no ambiente, mas aumentam a sua floração quando as águas dos rios se tornam lentas, provocando mau cheiro e alteração no sabor da água. Estas algas produzem dois tipos de toxinas (neurotoxinas e hepatotoxinas) que afetam o sistema nervoso e o fígado das pessoas.
No Rio Uruguai, o primeiro registro de cianobactérias ocorreu em 2002, em vários pontos da bacia hidrográfica, entre Porto Xavier e Uruguaiana. Depois, houve registro em dezembro de 2005 e janeiro de 2006, fato que colocou a captação de água, em Uruguaiana, no nível de alerta. Posteriormente, o fenômeno voltou a ocorrer nos primeiros quatro meses deste ano, colocando Uruguaiana sob o nível de vigilância.
Estas informações foram apresentadas aos vereadores, em junho passado, durante uma reunião ordinária da qual participaram o chefe do Escritório Regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Maurício Vieira de Souza, e a técnica do Departamento de Ensaios e Apoio Laboratorial da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Andréia Vidal dos Anjos. Na ocasião, os dois técnicos apresentaram um relatório sobre a qualidade da água do Rio Uruguai.
Na reunião, o chefe do Ibama, em Uruguaiana, disse que os fatores que contribuem para a proliferação das algas azuis são o déficit hídrico, as águas provenientes das lavouras ricas em nitrogênio e os dejetos sanitários não tratados. No mundo, não há solução técnica disponível para o problema da proliferação das algas azuis. A prevenção de novas ocorrências do fenômeno dependem das condições ambientais da bacia hidrográfica, da recuperação das matas ciliares, do uso moderado de fertilizantes e do investimento em saneamento básico.
A técnica da Corsan, Andréia dos Anjos, declarou que apenas o consumo de água tratada evita o risco de contaminação da população com cianobactérias. Segundo ela, nos primeiros quatro meses desse ano, a Corsan necessitou adotar como medida de tratamento da água a aplicação de carvão ativado. A Corsan utilizou cerca de 4,5 toneladas de carvão ativado por mês para garantir a qualidade da água a ser distribuída. O uso do carvão, porém, aumenta em três vezes o custo de tratamento da água. Estes temas voltarão a ser debatidos na audiência pública de 20 de outubro próximo.
13 de outubro de 2008