Entidades pedirão a decretação da situação de emergência na área de segurança

Os participantes da audiência pública que se encerrou na madrugada de quarta-feira, no plenário da Câmara Municipal de Uruguaiana, foram unânimes em apoiar uma medida drástica para reaparelhar os órgãos de segurança pública do município: a decretação da situação de emergência. Representantes de entidades públicas e privadas solicitarão ao prefeito José Francisco Sanchotene Felice a decretação da medida como forma de alertar o Governo do Estado para o grave problema que a cidade enfrenta.
O sucateamento dos órgãos de segurança pública, a falta de policiais nas delegacias e nas corporações da Brigada Militar e a onda crescente de furtos e roubos foram amplamente debatidos, durante as 3h30min de duração da audiência. Participaram do debate, além dos vereadores, os representantes da Brigada Militar, da Polícia Civil, da Polícia Rodoviária Federal, da Justiça Estadual, da Ordem dos Advogados do Brasil, dos partidos políticos, dos sindicatos, das associações de bairros, da prefeitura e dos moradores de bairros e dos produtores rurais. Os relatos apresentados foram sensibilizadores, como o de um morador de bairro que teve o armazém da irmã assaltado 18 vezes.
Os números da “situação de abandono” da Polícia Civil e Brigada Militar também foram apresentados durante a audiência. O déficit de agentes nas cinco delegacias de Uruguaiana é de 70%. Na BM, o déficit é de 40%. O delegado de Polícia Civil, Rodrigo Duarte, desabafou: “O que era precário há três anos, se tornou periclitante. Somos como bombeiros e estamos apagando apenas incêndios prioritários”, disse. Nas delegacias, há cerca de 30 mil inquéritos jogados ao chão sem andamento. O Ministério Público instaurou um inquérito civil para apurar essa situação.
Para o representante da subseção da OAB, em Uruguaiana, advogado Eduardo Velo, há falta de critérios ao Governo do Estado no momento da distribuição dos parcos recursos humanos e financeiros. “Me sinto envergonhado ao ver as delegacias abandonadas e com 30 mil inquéritos jogados ao chão sem andamento. A OAB está indignada com esta situação e quer soluções”, enfatizou.
A juíza da Vara de Execuções Criminais de Uruguaiana, Karina Leonetti Padilha, foi enfática em pedir mobilização da comunidade para reverter a situação. Para ela, o desaparelhamento dos órgãos de segurança resultará em casos de impunidade no município. “O silêncio não nos ajudará em nada, vamos começar a gritar também”, declarou. No mesmo sentido, o comandante do 1º Batalhão de Policiamento de Área de Fronteira (1º BPAF), tenente-coronel Paulo Henrique Gonçalves Sperb, finalizou: “A situação de Uruguaiana está complicada e, se nada for feito, daqui a cinco anos será pior. Temos que nos preocupar também com geração de emprego para os jovens”, disse.

26 de setembro de 2007