CPI dá sequência aos trabalhos de oitiva

Dia 12 de setembro de 2011 após alguns dias com as reuniões suspensas, a CPI da Saúde volta a ouvir testemunhas sobre as possíveis irregularidades suscitadas no Poder Legislativo.

         Na tarde desta segunda-feira (12), foi ouvido o testemunho da enfermeira Márcia Ribeiro Lima, que participou da sindicância realizada no HSCC. Márcia Lima prestou informação que contraria o que foi dito pelo presidente da comissão sindicante, dr. Oscar Blanco, o qual afirmou que o único objetivo da sindicância foi verificar irregularidades na implantação do Instituto de Cardiologia, sendo que a enfermeira Márcia disse terem tratado ainda sobre a ocorrência de óbito por falta de fornecimento de material necessário a procedimento médico.

           A depoente prestou, ainda, informações sobre a administração do hospital, especialmente sobre o rodízio de funcionários dentro dos setores da Santa Casa e sobre a forma de tratamento da administração do hospital.

         Na sequência, foi ouvida a técnica de enfermagem Priscila do Nascimento Rosseto, que se encontra licenciada para tratamento de saúde em razão de estado depressivo motivado por situações constrangedoras de assédio moral, assédio sexual e agressões que recebeu em seu ambiente de trabalho praticados pelo enfermeiro Márcio Ulharuso Araújo. A profissional disse que informou o fato à administradora do hospital e que nada foi feito, nem mesmo a sua transferência de setor foi concedida. Falou ainda de outros casos de abuso cometido pelo enfermeiro, inclusive, contra pacientes sedados, o que foi testemunhado por uma funcionária que foi demitida assim que denunciou o caso à administradora Ana Maria Del’Ito.

         Suas denúncias foram graves e parte delas comprovadas por documentos e outras com a indicação de testemunhas, o que será verificado pela Comissão Parlamentar de Inquérito, especialmente no que tange à competência da administração do hospital.

        Drª Ana Paula Furlani reafirmou informações já obtidas sobre a forma como foi implantado o Instituto de Cardiologia em Uruguaiana, dizendo da intervenção equivocada da administração na área técnica do hospital.

         O enfermeiro Márcio Ulharuso Araújo prestou depoimento, reservando-se ao direito de não falar sobre a acusação recebida, uma vez que já responde a processo judicial, não trazendo maiores informações ao processo uma vez que aos demais pontos averiguados pela CPI negou ter conhecimento.

          O último depoente, Dr. Adalberto Botelho, fez relato sobre suas atividades na radiologia da Santa Casa de Caridade e frente à Maximagem, descrevendo os fatos que culminaram com sua saída do hospital a partir de intervenção do Judiciário impetrada pelo Poder Executivo. Disse que sua relação com a gestão municipal atual não é boa e a municipalidade pode estar sofrendo as consequências, inclusive com vítimas fatais, pela falta de radiologista, informando que, atualmente, pelo que sabe, tem um profissional que presta serviço duas ou três vezes por semana, além de profissionais não qualificados emitindo laudos técnicos e afirmou ter certeza que, por falta de serviço de radiologia adequado, muitos óbitos podem ocorrer.

          Ao ser questionado sobre os equipamentos que possuía no serviço de radiologia da Santa Casa, disse que chegou a ser acusado de esbulho quanto aos materiais de sua propriedade, quando usava as salas do hospital, mediante contrato formalizado. A respeito de sua saída, possui uma ação judicial contra o Município cuja indenização é de valores consideráveis.

 

         A CPI somente voltará às oitivas no dia 21 de setembro, sendo o Secretário de Saúde Luiz Augusto Schneider, um dos quatro depoentes já confirmados.