Câmara Municipal e prefeitura promoverão audiência pública com Itamaraty e Comissão do Mercosul para discutir o problema dos caminhoneiros

O presidente da Câmara Municipal, e o prefeito de Uruguaiana, acertaram a realização de uma audiência pública com a presença do chefe do escritório do Ministério das Relações Exteriores no Estado, embaixador Cláudio Lyra, e com os deputados da Comissão do Mercosul da Assembléia Legislativa, para debater soluções para o problema enfrentado pelos caminhoneiros brasileiros que transportam mercadorias pelas rodovias argentinas.
A realização da audiência pública foi a alternativa encontrada pelo presidente da Câmara Municipal e pelo prefeito para arrefecer o ânimo de dezenas caminhoneiros que, na manhã desta quinta-feira, bloquearam a ponte internacional que liga Uruguaiana a Paso de los Libres. Os condutores protestaram contra a recente resolução do governo argentino que elevou o preço de comercialização do diesel para os condutores de veículos brasileiros. A resolução discriminatória passou a vigorar na madrugada de quarta-feira em todos os postos de combustíveis, localizados numa faixa de até cem quilômetros de extensão a partir das áreas de fronteira do território argentino.
A medida poderá gerar desempregos em Uruguaiana. Na cidade, cerca de 4 mil caminhoneiros operam com transporte internacional de cargas. Segundo o presidente da Cootransul e membro do conselho especializado do ramo de transportes das cooperativas de transporte do Rio Grande do Sul, Abel Paré, a medida representou um aumento de 100% no preço do combustível para os caminhoneiros brasileiros que abasteciam nos postos de gasolina argentinos.
– Não teremos como competir com os caminhoneiros argentinos. O litro do diesel para argentinos, na Argentina, será de R$1,28. Os motoristas brasileiros pagarão R$2,38 pelo litro nos postos argentinos. O diesel já representa 60% do nosso custo operacional. Com esta medida, haverá uma elevação abrupta nos nossos custos com o insumo. Nossa margem de ganho que é de 20% ficará menor e não termos como competir em igualdade de condições com os caminhoneiros argentinos – disse Paré.
A situação dos caminhoneiros preocupou os vereadores de Uruguaiana que suspenderam a sessão ordinária por duas horas para acompanhar o protesto e participar de uma reunião de emergência no gabinete do prefeito. Além do presidente da Câmara Municipal, participaram do encontro, os vereadores. O cônsul argentino Roberto Palarino, também foi convidado para a reunião. O cônsul explicou que a medida foi adotada por causa do incr
emento de 5.000% no consumo de diesel na fronteira, verificado no ano de 2005.
– O contribuinte argentino subvenciona com seus impostos o preço do diesel na Argentina. O que o governo argentino verificou é que estava faltando diesel para abastecer as máquinas agrícolas do país e que os impostos dos contribuintes argentinos estavam subvencionando o diesel para a frota de transporte brasileira – justificou o cônsul.

17 de agosto de 2006